Ruy Castro - Chega de Saudade (Livro usado)
Companhia das Letras 8571641374 (P) 1990 (1ªreedição), Brochura 463 páginas livro usado VG*/VG
Musica do Brasil, Bossa Nova,Biografia, História, Rio de Janeiro.
(*) Livro em bom estado de conservação, apresenta pontos de oxidação em algumas páginas, Apresenta um pequena dedicatoria escrita a caneta.
Em essência, Chega de Saudade é biografia romanceada da música rotulada como Bossa Nova a partir de 1958. Em 1990, ano do lançamento do livro, a Bossa estava quase esquecida no Brasil, mas cultuada no mundo, sobretudo nos Estados Unidos e no Japão. Em 2020, o Brasil já parece ter esquecido novamente a bossa nova, só que a modernidade perene dessa música já teve desde então períodos de revalorização em solo nacional.
E, se o livro chega aos 30 anos com o justo status de bíblia da bossa, é porque Ruy Castro entendeu que a bossa nova é João Gilberto (1931 – 2019), estando musicalmente concentrada na batida diferente do violão de João, isto é, na batida com que João mudou a música brasileira ao sintetizar a cadência do samba nas cordas do violão e ao subverter as noções de canto. E também porque Ruy Castro entendeu que a Bossa Nova é muito do que estava em volta de João ao longo dos anos 1950.
Ao historiar a Bossa, Castro parte da saga de João Gilberto, que rumou da Juazeiro natal (BA) para Salvador (BA) e, da capital da Bahia, para o Rio de Janeiro (RJ), com escala fundamental em Diamantina (MG). Só que o escritor vai além.
Entre as idas e vindas de João na busca obsessiva do sonho de ser alguém (especial) na pequena multidão de músicos e cantores que efervesciam nas noites cariocas, Castro monta o painel de microrrevoluções urbanas que aconteceram silenciosamente nas boates, apartamentos e gravadoras do Rio de Janeiro desde 1948, ano inaugural da narrativa do livro, até 1967.
Com texto fluente e leve (repleto de informações, mas sem dados entulhados em cada página, como fazem alguns biógrafos brasileiros da área musical, menos talhados para o ofício), Ruy Castro cruza todos esses caminhos em exposição sedutora da história e das histórias da Bossa Nova.
Antonio Carlos Jobim, Carlos Lyra, Dick Farney, Johnny Alf, Lúcio Alves, Nara Leão , Newton Mendonça, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Sylvia Telles e Vinicius de Moraes são personagens que, em determinadas passagens da narrativa, soam tão importantes quanto o protagonista João Gilberto. Porque foram mesmo. Mas são retratados no livro com admiração, mas sem o endeusamento de fãs disfarçados de biógrafos. (Mauro Ferreira)