Esta é uma história que só poderia acontecer no Brasil.Nos anos 1960, quando produzíamos a melhor música popular do mundo, um diretor artístico, Roberto Quartin, e um arquiteto e empresário, Wadi Gebara Neto, se associaram para criar o mais sofisticado selo discográfico do país - a Forma. Os dois eram jovens, tremendamente musicais e se completavam: Quartin, delirante e pobre; Wadi, racional e rico. Não podia dar errado. Seduzidos pelo charme e pelas idéias da dupla, artistas como Eumir Deodato, Moacir Santos, Baden Powell, Vinícius de Moraes, o Tamba Trio, o Bossa Três, o Quarteto em Cy, o Quinteto Villa-Lobos, engenheiros de som, fotógrafos e capistas jogaram-se por amor na aventura da Forma. Não esperavam ganhar dinheiro. Só queriam fazer discos fabulosos.
E fizeram 22 fabulosos discos e alguns compactos.Só que, com apenas dois aninhos de vida, a Forma teve de fechar, asfixiada por seu próprio frenesi criativo e por monumentais dívidas.
Quartin continuou pobre - e Wadi também ficou pobre! Como eu disse, só no Brasil.
Essa é a saga contada por Renato Vieira em Tempo Feliz - A História da Gravadora Forma. Um livro pioneiro e único, que revela o lado B da nossa indústria musical - o que se passou nos bastidores dos LPs que ficaram para a história.
Ruy Castro
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