Em seu álbum de estreia, Travesseiro Feliz, o sonhador carioca e novo contratado da Far Out Recordings, Ricardo Richaid, combina sua herança tropical com seu amor pela música psicodélica, jazz e rock. Ele também se inspira em muitos grandes nomes brasileiros, Caetano Veloso, Arthur Verocai, Ivan Lins, Joyce, Hermeto Pascoal, Marcos Valle e Azymuth (para citar alguns) com quem trabalhou como engenheiro, assistente e produtor no antigo estúdio carioca da RCA (Cia dos Técnicos).
Além de ser fortemente influenciado pelo lendário movimento Tropicalia do Brasil, Richaid é neto da atriz, cantora e estrela da Disney Aurora Miranda (irmã mais nova de Carmen Miranda), então o tropicalismo está em seu sangue. Descrevendo seu som como 'tropicalismo industrial', a música de Richaid é, sem dúvida, um produto de seu ambiente. Assim como o Rio, é quente, nebuloso e bonito. Mas, refletindo o clima atual de sua terra natal, há uma poluição sinistra surgindo entre seu charme. Lamentando a crise política, econômica e ecológica que ele vê engolindo o Brasil, as letras obscuras e poéticas de Richaid abordam drogas, drones e escuridão, enfatizando a importância da arte para trazer luz em tempos difíceis. As assinaturas de tempo não convencionais e a ensolarada jazz-folk encontram a estética pós-punk são adornadas pela inteligência de estúdio de Richaid. Trabalhando dia a dia nos melhores estúdios do Rio, ele desenvolveu um conhecimento abrangente de todos os aspectos do processo de gravação.
Buscando autonomia e total independência criativa, Richaid partiu para uma missão de busca de equipamentos nos EUA. Ao retornar, ele começou a trabalhar na construção de seu próprio estúdio na Gávea, no Rio, e começou a escrever as faixas que se tornariam o Travesserio Feliz.Compondo, produzindo e mixando tudo sozinho, Richaid relembra as noites intermináveis que passou trabalhando no álbum, muitas vezes dormindo no chão do estúdio. Travesseiro Feliz apresenta uma série de nomes notáveis de todo o espectro da música carioca, incluindo a sensação da percussão Marcos Suzano (Gilberto Gil), a artista pop experimental Ana Frango Eletrico e o vocalista e multi-instrumentista José Ibarra, que tem sido elogiado por suas recentes apresentações como parte do grupo itinerante de Milton Nascimento. No interlúdio 'Formigas' também ouvimos alguns versos de Ricardo cantando junto com sua filha de 7 anos, Nina Richaid. Levando adiante a tocha da Tropicália, a abertura cinematográfica do álbum "Maracas Enterprise/ Frio Da Manh?" é uma jornada de duas partes através da abordagem sonora de Richaid, tecendo trompas entrelaçadas, guitarra encharcada de refrão e golpes de sintetizador difusos. Um exemplo perfeito do tropicalismo industrial de Richaid, "Largado Nu" mistura violão e flautas suaves com sintetizadores mais pesados e guitarras elétricas, enquanto 'O Velho Cai' é um belo folk com infusão de jazz, com baixo fretless e saxofone cantando ao redor do vocal harmonias de Richaid e Liza Machado.
Morando com a avó Aurora Miranda até os dezessete anos (que participou do filme Os Três Caballeros de Walt Disney, e por acaso é o primeiro ser humano a beijar o Pato Donald... sério!), o jovem Ricardo ouvia intrigado o pai tocar escalas cromáticas e melodias de bossa nova no saxofone; o piano clássico brasileiro de sua mãe; ou seu irmão punk rock tocando bateria. Essa educação musical eclética levou o adolescente Ricardo a aprender seu ofício como baixista em uma banda de hard rock de curta duração, que se desfez quando Ricardo começou a cavar mais fundo, descobrindo nomes como Os Mutantes, King Crimson, Frank Zappa e especialmente o 'Clube De Esquina', de autoria de Milton Nascimento e Lo Borges. Desde então, ao lado de alguns de seus heróis musicais no Brasil, Richaid tocou em bandas como Mara Rubia e Nitu, do underground experimental psych e do jazz carioca.
Texto Far Out
