O princípio da errata musical é simples: você escolhe um teclado - qualquer teclado - você desenha cada nota aleatoriamente - nenhuma nota pode ser tocada duas vezes, mas todas são tocadas - o todo resultante é tocado sem qualquer modulação particular, "uma uniformidade de ritmo , uma acentuação", diz Duchamp. As premissas da arte mínima e aleatória são assim expressas na “caixa verde”, publicada em 1934 (embora os escritos remontem a 1912-15). Para isso a opção foi utilizar um piano (um Bösendorfer).
As peças aqui ouvidas foram gravadas num único dia - o início é animado, cheio de exploração (#1) - depois torna-se mais suave (#2) - quase feldmaniano (#3) - chegamos ao núcleo duro no centro : 36 minutos que engolem o mundo quotidiano (são 16 horas, as crianças estão a sair da escola, as pessoas vão e vêm, os carros aceleram...) (#4) - depois há a versão mágica inversa (#5) - uma reverso forte, tenso, tenso (#6) - então, tênue, terminando ao cair da noite (#7) - a última nota - não. 63 – é tocada pela última vez – foi também a primeira nota, tocada seis horas antes.
